terça-feira, 16 de janeiro de 2024

02 - A imagem do filósofo

 Aula 02 - A imagem do filósofo

    Quando lembramos do filósofo, logo nos vem à mente algumas imagens. Em primeiro lugar, a figura de um homem velho, pois a velhice estaria em geral ligada à maturidade e à sabedoria. Depois, um homem solitário, quase como um eremita, já que supostamente pensar seria uma atividade que pressupõe um certo isolamento. Tratar-se-ia também de um ser frágil, quem sabe até doente. Nesse ponto, há um ciclo vicioso: parece que o filósofo não precisa de corpo pra pensar e, inversamente, porque ele pensa muito, seu corpo acaba definhando, por absoluta falta de uso. O filósofo não praticaria esportes, nem gosta de dançar. Sendo um homem doente de corpo, talvez seja também doente das ideias, um pouco louco. De tanto meditar, o filósofo perde completamente o contato com a realidade. O filósofo parece então viver em uma outra dimensão, no "mundo da lua'"



O filósofo - Luca Giordano

    A imagem mais famosa e mais marcante do filósofo está materializada na obra em bronze do escultor francês Rodin (1840 - 1917) intitulada O Pensador (1881). Durante muito tempo, especulou-se sobre qual deveria ser a questão que o intrigava tão profundamente. Observe que, embora seu corpo seja de um homem jovem e saudável, o pensador repousa imóvel, absorto em suas reflexões. Todos os músculos concentram suas forças em dar apoio à cabeça, que pende sob a gravidade das suas indagações. Os braços não agem, as pernas não andam, como se o movimento da carne pudesse atrapalhar a circulação das ideias da mente.



O Pensador (1881) - escultor francês Rodin (1840 - 1917).


    O imaginário em torno da figura do filósofo apresenta um caráter preconceituoso, pois está associado à suspeita de que a filosofia é uma atividade inútil e alienada, incapaz de alterar o mundo. A filosofia convive com essa suspeita desde seus primórdios. A tradição narra que Tales de Mileto, considerado o mais antigo de todos os pensadores, caminhava à noite tão absorto em meditações sobre o universo que caiu em um buraco, sofrendo diversas escoriações. É uma das quedas mais famosas da história e marcou desde então a imagem do filósofo: alguém por demais preocupado com os problemas abstratos e incapaz de lidar com as dificuldades da vida concreta e cotidiana. Tudo se passa como se a filosofia fosse um jeito de não enxergar o mundo. Muito pelo contrario.


Adentrar no mundo do pensamento depende da compreensão de que a filosofia realiza de fato apenas uma forma diferente de olhar para a realidade.


Exercícios 


01 - A sociedade em geral possui diversas opiniões quanto a imagem dos filósofos. Qual a sua visão sobre esses pensadores?


02 - Se filosofar é dar sentido à experiência, na sua opinião o filósofo pode viver recluso e fechado para o mundo, ou deve estar em contato com o mundo, coletar experiência, observações e curiosidades?


03 - "Para Platão, a primeira atitude do filósofo é admirar-se. A partir da admiração faz-se a reflexão crítica, o que marca a filosofia como busca da verdade." A partir da afirmação, podemos perceber que o ponto de partida do filósofo é a procura da beleza em si como um caminho para a verdade. Para você, um filósofo do cotidiano, a beleza de um homem se restringe às suas características 


04 - “A principal característica que Aristóteles vê num filósofo é que ele derrama seu olhar pelo mundo, sua curiosidade insaciável o faz investigar tanto os mistérios do universo como o da natureza, como as que dizem respeito ao homem e à sociedade. No fundo, o filósofo é um desvelador, alguém que afasta o véu daquilo que está a encobrir os nossos olhos."


Muitas pessoas são insatisfeitas com sua aparência e sofrem até preconceitos em razão disso, porém o conceito de beleza é algo volúvel e mutável. Na sua opinião, o que dita para a sociedade o que é belo ou não?










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