segunda-feira, 19 de maio de 2025

09 noturno 2025 Sócrates e o Período Antropológico

Aula 09 de 2025

Sócrates e a Filosofia Antropológica 

Filosofia Antropológica 
A Filosofia Antropológica na Grécia Antiga refere-se ao estudo do ser humano (anthropos) em suas dimensões éticas, políticas, psicológicas e metafísicas. Enquanto os primeiros filósofos (pré-socráticos) investigavam a natureza (physis) e a origem do cosmos, a filosofia clássica (sobretudo a partir de Sócrates) deslocou o foco para questões humanas, como a virtude, a alma, a justiça e o conhecimento.  

Origem e Contexto 
- Pré-Socráticos (séc. VI-V a.C.): Filósofos como Tales, Anaximandro e Heráclito buscavam explicar o mundo natural, sem uma abordagem sistemática sobre o homem. 
 
- Virada Antropológica (séc. V a.C.): Com o surgimento da democracia ateniense e dos sofistas, a filosofia passou a se preocupar com o homem como medida de todas as coisas (Protágoras). No entanto, os sofistas eram relativistas, enquanto Sócrates e Platão buscaram fundamentos universais para a ética e o conhecimento.  

Principais Filósofos e suas Contribuições
a) Sócrates (469-399 a.C.)
- Foco no autoconhecimento: "Conhece-te a ti mesmo" (inscrição no Oráculo de Delfos).

- Antropologia ética: O ser humano é definido por sua alma (psyché), que deve ser cuidada através da virtude (aretê) e da sabedoria.  

- Método socrático: Questionamento dialético para revelar a verdade interior (maiêutica).  

b) Platão (428-347 a.C.)  
- Dualismo antropológico: O homem é composto de corpo (matéria, imperfeito) e alma (imortal, racional).  
- Teoria da reminiscência: O conhecimento verdadeiro está na alma, que já contemplou as Ideias (mundo inteligível).  
- Ética e política: A justiça individual e social depende da harmonia entre as partes da alma (racional, irascível, apetitiva).  

c) Aristóteles (384-322 a.C.)
- O homem como "animal racional" (zoon logon echon): A razão (logos) é o que diferencia os humanos.  
- Alma como forma do corpo: Diferente de Platão, Aristóteles via a alma e o corpo como uma unidade (hilemorfismo).  
- Ética e felicidade: A eudaimonia (felicidade) é alcançada pela vida virtuosa e pelo exercício da razão.  

Temas Centrais da Antropologia Filosófica Grega  
- A natureza humana: O que define o ser humano? (Razão, linguagem, sociabilidade).  
- Alma e corpo: Qual a relação entre o físico e o espiritual?  
- Liberdade e virtude: O homem é capaz de escolher o bem?  
- Política e sociedade: Como o indivíduo se relaciona com a polis (cidade-Estado)?  

Diferença entre a Abordagem Sofística e a Socrático-Platônica  
 
Sofistas 
Relativismo moral ("O homem é a medida de todas as coisas"). Ensino da retórica para persuasão. Ênfase no sucesso político e social

Sócrates, Platão e Aristóteles Filosofia como busca da sabedoria.  Busca por verdades universais. Ênfase na virtude e na justiça.  

Legado da Antropologia Filosófica Grega  
- Influenciou o estoicismo, o cristianismo (especialmente Santo Agostinho) e a filosofia moderna (Descartes, Kant).  
- A ideia de que o ser humano é um animal racional e político (Aristóteles) permanece fundamental até hoje.  

Conclusão sobre a Filosofia Antropológica 
A Filosofia Antropológica na Grécia Clássica representou uma mudança crucial: do estudo da natureza para o estudo do homem como ser ético, político e racional. Sócrates, Platão e Aristóteles estabeleceram as bases para entender a natureza humana, a alma, a virtude e a vida em sociedade, temas que continuam a ser discutidos na filosofia contemporânea.

Quem foi Sócrates?  
Sócrates (469–399 a.C.) é considerado um dos fundadores da filosofia ocidental. Nascido em Atenas, ele não deixou escritos, mas seu pensamento foi registrado por seus discípulos, principalmente Platão, Xenofonte e Aristófanes (este último de forma satírica). Sócrates dedicou-se à reflexão sobre a natureza humana, a virtude e a busca pelo conhecimento, marcando uma virada na filosofia ao deslocar o foco da investigação da natureza (como faziam os pré-socráticos) para o ser humano e sua condição ética e existencial.  

Características da Filosofia de Sócrates 
1. Foco no Homem (Antropologia Filosófica): Enquanto os filósofos anteriores investigavam a *physis* (natureza), Sócrates voltou-se para questões humanas: "O que é a virtude?", "O que é a justiça?", "Como viver bem?".  
2. Ironia e Humildade Intelectual: Afirmava que sua sabedoria consistia em saber que nada sabia ("Só sei que nada sei"), desmascarando a pretensão de conhecimento dos sofistas e cidadãos atenienses.  
3. Ênfase na Ética: Acreditava que o autoconhecimento ("Conhece-te a ti mesmo") era o caminho para a virtude (aretê) e a felicidade (eudaimonia).  

Contexto Histórico de Sócrates  
Sócrates viveu durante o período áureo de Atenas (século V a.C.), marcado pela democracia, pelo desenvolvimento cultural e pelas guerras contra Esparta (Guerra do Peloponeso). Nesse contexto, os sofistas ensinavam retórica e relativismo moral, enquanto Sócrates criticava sua falta de compromisso com a verdade. Sua postura questionadora desagradou as autoridades atenienses, levando-o a ser julgado e condenado à morte por "corromper a juventude" e "negar os deuses da cidade".  

O que Sócrates Criticava?
1. Os Sofistas: Acusava-os de valorizar a persuasão em vez da verdade e de cobrar por ensinamentos vazios de conteúdo moral.  
2. A Ignorância Dogmática: Condenava quem acreditava possuir conhecimento sem jamais tê-lo examinado.  
3. A Justiça e o Poder: Questionava as leis e costumes que não passavam pelo crivo da razão crítica.  

A Antropologia Socrática
Para Sócrates, o ser humano é definido por sua alma (psyché), entendida como a sede da razão e da moralidade. Sua filosofia antropológica sustentava que:  
- O homem é um ser racional e moral.  
- A virtude (aretê) é conhecimento: quem conhece o bem, age bem (intelectualismo ético).  
- O vício é fruto da ignorância, pois ninguém erra voluntariamente.  

O Método Socrático (Maiêutica)
Sócrates desenvolveu um método dialético baseado em:  
1. Ironia: Colocar em dúvida as certezas do interlocutor, revelando contradições.  
2. Maiêutica ("Partejar ideias"): Através de perguntas, ajudar o outro a "dar à luz" suas próprias conclusões.  
3. Indução: Buscar definições universais a partir de exemplos particulares (ex.: "O que é a coragem?").  

Legado de Sócrates 
Sócrates influenciou toda a filosofia posterior, especialmente Platão (que desenvolveu sua teoria das Ideias a partir da busca socrática por definições universais) e a ética estoica. Sua morte tornou-se símbolo da luta filosófica pela verdade, mesmo contra o poder estabelecido.  

Conclusão
Sócrates inaugurou uma filosofia profundamente antropológica, centrada na razão, na autocrítica e na vida virtuosa. Seu método e suas interrogações permanecem atuais, desafiando-nos a examinar nossas próprias crenças e valores. Como ele mesmo diria: "Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida".  

---  
Este texto sintetiza os principais aspectos da filosofia socrática e sua abordagem antropológica, destacando sua relevância para a ética e o pensamento crítico.

Quadro aula 09 Filosofia Antropológica e Sócrates 

segunda-feira, 12 de maio de 2025

07 noturno 2025 - Relativismo sofistas

Aula 07 de 2025

Relativismo na Grécia Antiga: Os Sofistas e a Crise dos Valores Absolutos 

O relativismo é uma corrente filosófica que questiona a existência de verdades universais, defendendo que o conhecimento, a moral e os valores dependem do contexto cultural, histórico ou individual. Na Grécia Antiga, esse pensamento ganhou força com os sofistas, mestres da retórica que desafiaram as noções tradicionais de verdade e justiça.  

O Relativismo Sofista
  
Os sofistas eram professores itinerantes que, no século V a.C., ensinavam técnicas de persuasão e debate em troca de pagamento. Diferentemente de filósofos como Sócrates, Platão e Aristóteles—que buscavam princípios universais—, os sofistas argumentavam que a verdade é relativa, variando conforme a perspectiva humana.  

Dois princípios fundamentais do relativismo sofista eram:

1. O homem é a medida de todas as coisas (Protágoras) – A verdade depende da percepção individual.

2. A oposição entre natureza (physis) e convenção (nomos) – As leis e a moral não são naturais, mas criações humanas, podendo ser questionadas.  

Exemplos de Relativismo Sofista
 
1. Protágoras (485-410 a.C.)
 
   - Afirmava que "o homem é a medida de todas as coisas", ou seja, não há verdade objetiva, apenas interpretações subjetivas.  

   - Exemplo: O que é "quente" para alguém pode ser "frio" para outro; o mesmo se aplica a conceitos como justiça e beleza.  

2. Górgias (483-375 a.C.)

   - Defendia um ceticismo radical, resumido em três teses:  

     - Nada existe (a realidade é incognoscível).

     - Se algo existisse, não poderíamos conhecê-lo.

     - Mesmo que pudéssemos conhecê-lo, não poderíamos comunicá-lo. 

   - Usava a retórica para mostrar como o discurso pode manipular a percepção da verdade.  

3. Trasímaco (século V a.C.)
 
   - No diálogo A República, de Platão, ele afirma que "a justiça é a vantagem do mais forte", ou seja, as leis são criadas pelos poderosos para beneficiar a si mesmos. Isso ilustra o relativismo moral: o que é "justo" varia conforme os interesses de quem governa.  

4. Calicles (presente no Górgias de Platão)

   - Argumentava que as leis são invenções dos fracos para conter os fortes, defendendo que a natureza privilegia os mais aptos. Assim, a moral seria uma convenção, não um valor absoluto.  

Críticas ao Relativismo Sofista
  
Filósofos como Sócrates e Platão rejeitaram o relativismo, defendendo que: 
 
- A verdade existe independentemente das opiniões humanas.  
- A moral não pode ser reduzida a interesses particulares.  
- A retórica sofista, embora eficaz, poderia ser usada para manipular, não para buscar o verdadeiro conhecimento.  

Legado do relativismo

Apesar das críticas, os sofistas trouxeram questões fundamentais para a filosofia: 

- A importância do discurso e da linguagem na construção da realidade.

- O questionamento das normas sociais, abrindo espaço para debates sobre ética e política.

- A influência no pensamento moderno, como no pragmatismo e no pós-estruturalismo.  

Em suma, o relativismo sofista marcou a Grécia Antiga ao desafiar dogmas e mostrar que a verdade pode ser múltipla—uma ideia que ainda hoje provoca reflexões sobre conhecimento, poder e cultura.

Revisão Filosofia- Prova 2° Trimestre 2025

Revisão de Filosofia - Prova 2° Trimestre 2025. 》》》 Atividade baseada na prova do 2° Trimestre de 2025. Valendo até 3.0 (no horá...