quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

16 - Filosofia e atitude científica

 Aula 16 - Filosofia e atitude científica 

Não há como falar em conhecimento científico sem fazer nenhuma referência ao senso comum.


Como já vimos, o senso comum tem suas bases alicer-çadas na crença por ela mesma, é mais uma opinião do que uma certeza onde o conhecimento fruto da tradição, que por sua característica inalterável, é carregado de preconceitos.


O conhecimento científico e a consequente atitude científica se opõem diametralmente ao senso comum.


Observar com critério a partir de objetivos previamente traçados, definir os fatos que convêm investigar, selecionar instrumentos adequados à ação planejada, pesquisar procedimentos metodológicos indicados à observação, entre outros passos, caracterizam a elaboração de preceitos científicos.


Em oposição ao senso comum, a atitude científica é um trabalho racional e deve ser buscada pessoalmente por cada um.


O problema da confirmação


Uma questão que perturba os filósofos da ciência diz respeito à confirmação.


Sempre que um cientista desenvolve uma teoria, busca a confirmação da mesma através de observação sistemática.


No entanto, esta confirmação se dá de forma gradual.

Uma teoria pode se aproximar mais ou menos da confirmação através das evidências.


Quanto mais as evidências apontam para a confirmação de uma teoria, mais racional parece ser a crença na mesma.


É nesse ponto que David Hume coloca em xeque tal raciocínio, ligado às evidências: o fato de o passado nos levar a conclusões sobre acontecimentos que conhecemos, não é certo que eles se repitam.


Falando de outra forma: se no passado observamos várias vezes que após o céu ficar nublado ocorreu uma pancada de chuva, isso não quer dizer que se hoje o céu está nublado obrigatoriamente teremos chuva.



A evidência, para Hume, nem sempre leva a uma conclusão verdadeira.


Está posto o problema da indução.


O raciocínio dedutivo, por sua vez, costuma se mostrar mais confiável. Nele, as premissas levam, de forma lógica, a uma conclusão válida.


Um exemplo costumeiro para ilustrar a dedução:


Sócrates é um homem.

Todo homem é mortal.

Logo, Sócrates é mortal.



Não há como negar, aqui, a veracidade da conclusão!

Já na indução, posso dizer:


O gato 1 é preto.

O gato 2 é preto.

O gato 3 é preto...

O gato 1000 é preto.

Logo, todos os gatos são pretos!


Através da observação e das evidências daí extraídas, posso sim, afirmar que todos os gatos são pretos, o que não dá a garantia de que o gato de número 1001 também será preto.


O raciocínio indutivo, porém, é o mais utilizado por nós no dia a dia. Presumimos fatos e eventos o tempo todo.

O cientista o faz quando constrói uma teoria que julga poder ser válida em todos os tempos e locais e utiliza o argumento de que assim procede com base no que observa.


O problema consiste na comprovação dessas teorias: um raciocínio desenvolvido com base na indução não pode ser comprovado através da dedução.


Exercícios 


01 - Leia atentamente a citação abaixo:


"O conhecimento científico se opõe diametralmente ao senso comum"


Apesar da verdade contida nessa afirmativa, você é capaz de distinguir o rápido momento em que método e senso comum se encontram?


02 - "A coisa mais incompreensível acerca do universo é que ele é compreensível" (Albert Einstein)


Faça uma analogia coerente entre a frase de Einstein e a aplicação da indução ou dedução.


03 - A elaboração de preceitos científicos exige algumas providências, tais como definição dos fatos que convêm investigar e seleção de instrumentos adequados à ação planejada. Dê dois exemplos práticos que ilustrem tais etapas, através de uma postura que denote atitude científica.


04  - Complete os raciocínios propostos abaixo:


Todo metal é dilatado pelo calor.

Ora, a prata é um metal.

Logo,,__________________________________


05 - Todo brasileiro é sul-americano.

Ora, todo paulista é brasileiro.

Logo, __________________________________


06 - Pesquise novos tipos de raciocínios dedutivos. Anote-os e faça uma troca com seus colegas, onde cada um resolva as questões trazidos pelos demais.



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