segunda-feira, 10 de junho de 2024

Consciência: o eu, a pessoa, o cidadão e o sujeito.

 A consciência: o eu, a pessoa, o cidadão e o sujeito.


A teoria do conhecimento no seu todo realiza-se como reflexão do entendimento e baseia-se num pressuposto fundamental: o de que somos seres racionais conscientes.


O que se entende por consciência?


A capacidade humana para conhecer, para saber que conhece e para saber o que sabe que conhece. A consciência é um conhecimento (das coisas e de si) e um conhecimento desse conhecimento (reflexão). Do ponto de vista psicológico, a consciência é o sentimento de nossa própria identidade: é o eu, um fluxo temporal de estados corporais e mentais, que retém o passado na memória, percebe o presente pela atenção e espera o futuro pela imaginação e pelo pensamento. O eu é o centro ou a unidade de todos esses estados psíquicos.


A consciência psicológica ou o eu é formada por nossas vivências, isto é, pela maneira como sentimos e compreendemos o que se passa em nosso corpo e no mundo que nos rodeia, assim como o que se passa em nosso interior. E a maneira individual e própria com que cada um de nós percebe, imagina, lembra, opina, deseja, age, ama e odeia, sente prazer e dor, toma posição diante das coisas e dos outros, decide, sente-se feliz ou infeliz.


Do ponto de vista ético e moral, a consciência é a espontaneidade livre e racional para escolher, deliberar e agir conforme à liberdade, aos direitos alheios e ao dever. É a pessoa dotada de vontade livre e de responsabilidade. E a capacidade para compreender e interpretar sua situação e sua condição (física, mental, social, cultural, histórica), viver na companhia dos outros segundo as normas e os valores morais definidos por sua sociedade, agir tendo em vista fins escolhidos por deliberação e decisão, realizar as virtudes e, quando necessário, contrapor-se e opor-se aos valores estabelecidos em nome de outros, considerados mais adequados à liberdade e à responsabilidade.


Do ponto de vista político, a consciência é o cidadão, isto é, tanto o indivíduo situado no tecido das relações sociais, como portador de direitos e deveres, relacionando-se com a esfera pública do poder e das leis, quanto o membro de uma classe social, definido por sua situação e posição nessa classe, portador e defensor de interesses específicos de seu grupo ou de sua classe, relacionando-se com a esfera pública do poder e das leis.


A consciência moral (a pessoa) e a consciência política (o cidadão) formam-se pelas relações entre as vivências do eu e os valores e as instituições de sua sociedade ou de sua cultura. São as maneiras pelas quais nos relacionamos com os outros por meio de comportamentos e de práticas determinados pelos códigos morais (que definem deveres, obrigações, virtudes) e políticos (que definem direitos, deveres e instituições coletivas públicas), a partir do modo como uma cultura e uma sociedade determinadas definem o bem e o mal, o justo e o injusto, o legítimo e o ilegítimo, o legal e o ilegal, o privado e o público. O eu é uma vivência e uma experiência que se realiza por comportamentos; a pessoa e o cidadão são a consciência como agente (moral e político), como práxis.


Do ponto de vista da teoria do conhecimento, a consciência é uma atividade

sensível e intelectual dotada do poder de análise, síntese e representação. É o sujeito.

Reconhece-se como diferente dos objetos, cria e descobre significações, institui sentidos, elabora conceitos, ideias, juízos e teorias. É dotado de capacidade para conhecer a si mesmo no ato do conhecimento, ou seja, é capaz de reflexão. É saber de si e saber sobre o mundo, manifestando-se como sujeito percebedor, imaginante, memorioso, falante e pensante. É o entendimento propriamente dito.


A consciência reflexiva ou o sujeito do conhecimento forma-se como atividade

de análise e síntese, de representação e de significação voltadas para a explicação, descrição e interpretação da realidade e das outras três esferas da vida consciente (vida psíquica, moral e política), isto é, da posição do mundo natural e cultural e de si mesma como objetos de conhecimento. Apoia-se em métodos de conhecer e buscar a verdade ou o verdadeiro. É o aspecto intelectual e teórico da consciência.


Ao contrário do eu, o sujeito do conhecimento não é uma vivência individual, mas aspira à universalidade, ou seja, à capacidade de conhecimento que seja idêntica em todos os seres humanos e com validade para todos os seres humanos, em todos os tempos e lugares. Assim, por exemplo, João pode gostar de geometria e Paula pode detestar essa matéria, mas o que ambos sentem não afetam os conceitos geométricos, nem os procedimentos matemáticos, cujo sentido e valor independem das vivências de ambos e são o objeto construído ou descoberto pelo sujeito do conhecimento.


Maria pode não saber que existe a física quântica e pode, ao ser informada sobre ela, não acreditar nela e não gostar da ideia de que seu corpo seja apenas movimento infinito de partículas invisíveis. Isso, porém, não afeta a validade e o sentido da ciência quântica, descoberta e conhecida pelo sujeito. Luíza tem lembranças agradáveis quando vê rosas amarelas; Antônio, porém, tem péssimas lembranças quando as vê. Porém, ver flores e cores, perceber qualidades, senti-las afetivamente não depende de que queiramos ou não vê-las, como não depende do nosso eu percebê-las espacialmente ou temporalmente. A percepção de cores, de seres espaciais e temporais se realiza em mim não apenas segundo minhas vivências psicológicas individuais, mas também segundo leis, normas, princípios de estruturação e organização das coisas, que

são as mesmas para todos os sujeitos percebedores. É com essa estruturação e organização que lida o sujeito. A vivência é singular (minha). O conhecimento é universal (nosso, de todos os seres humanos).

Eu, pessoa, cidadão e sujeito constituem a consciência como subjetividade ativa, sede da razão e do pensamento, capaz de identidade consigo mesma, virtude, direitos e verdade.

CHAUI, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ed. Ática, 2000.


4.2. Vamos refletir:

  1. Quem é e como se constitui o "eu" segundo Marilena Chaui?
  2. Você consegue se perceber como sujeito e cidadão? Faça um texto expressando como você se sente cidadão do mundo e a importância de sermos sujeitos do conhecimento.

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Importância do conhecimento

 A importância do conhecimento 

importância do conhecimento

Se pegarmos o pensamento aristotélico, pode-se dizer que os humanos se diferenciam do animal que não possui inteligência simbólica pela capacidade que os seres humanos têm de pensar e, ao fazê-lo, problematizar o seu entorno físico e cultural. Você já pensou sobre os problemas ao seu redor? Percebe como isso é importante?

Quando falamos de inteligência simbólica nos referimos à capacidade que temos de inferir sobre o objeto ao qual estamos buscando conhecer, no caso do entomo físico estamos nos referindo à Natureza propriamente dita; o céu, as árvores, o mar e tudo que nos rodeia. Já, o entorno cultural refere-se a tudo o que o ser humano produz ao ser, estar e agir no mundo, o que construímos seja de forma estrutural ou cultural; música, arte, etc.. Temos que ter em mente que o ser humano interfere na realidade natural e a modifica, enquanto os outros animais apenas são predominantemente adaptativos ao ambiente em que se encontram.


Um exemplo clássico que

demonstra essa constatação é o caso do João-de-barro (Furnarius Rufus), 0 passarinho que, desde que existe na face da Terra, constrói a mesma moradia. Veja a foto ao lado e perceba que ele não usa uma inteligência simbólica, ele não "pensa" ou copia a casa dos outros pássaros, na verdade, essa construção é um produto dé uma programação que instintiva, a qual o João-de-barro não tem como negar e acaba fazendo intuitivamente. 



O ser humano, entretanto, começou morando em cavernas e ao contrário do João-de-barro, com o tempo acabou construindo suas próprias cabanas ou choupanas. Mais a frente, ao pensar, desenvolveu técnicas que possibilitaram a construção de casas de madeira, tijolos e cimento. Atualmente, ele utiliza estruturas arquitetônicas sofisticadas para construir todo tipo de moradia: edifícios altíssimos e casas que tentam ser à prova de terremotos e furacões.


Como exemplo você pode ver a foto do Burj Khalifa Bin Zayid, anteriormente conhecido como Burj Dubai, que é um arranha-céu localizado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, sendo a mais alta estrutura e, consequentemente, o maior arranha-céu já construído pelo ser humano, com 828 metros de altura e 160 andares.


Aí fica a pergunta, por que o humano progrediu e o João-de-barro, não? Já parou para pensar nisso? Uma pista para respondermos a essa pergunta é o fato de que o ser humano, à medida que ia explorando seu objeto, que seria a casa, a moradia. Também ia pensando sobre ele e

problematizando a arte de como fazer e construir casas cada vez melhores e mais confortáveis, coisa que o João-de-barro, até onde sabemos, não dá conta de realizar. A conclusão a que podemos chegar: pensar, sentir, problematizar e agir são ações importantíssimas no processo de produzir informações, conhecimentos e saberes e são atividades inerentes e exclusivas dos seres humanos.


Penso, logo existo!


Você já deve ter ouvido essa famosa frase de René Descartes (1596-1650), "penso, logo existo", ela é uma das lições mais famosas da Filosofia. Muitos filósofos, desde Kant a Sartre, passaram pelos textos cartesianos e, em muitos casos, ajudaram a formular seus próprios construtos. A grande sacada está no conjunto de pensamentos que Descartes ajudou a construir. Foi a partir dos seus pensamentos que vários filósofos ajudaram a (re) pensar os grandes conceitos filosóficos e ajudaram a formar a Filosofia que conhecemos hoje. Nesses conceitos podemos citar: o que é substância, o problema da relação entre mente e corpo, a noção de sujeito, o problema do movimento na física, as paixões da alma, os conceitos de finalidade, verdade, identidade, erro e muitos outros. Percebe como o pensar faz parte da nossa vida mesmo sem percebermos?

Quando pensamos em Descartes, pensamos logo na sua obra "Discurso do Método" e nela encontramos o que pode ser considerado o ponto de partida de toda a Filosofia Moderna e Contemporânea:


Mas, logo em seguida, adverti que, enquanto eu queria assim pensar que tudo era falso, cumpria necessariamente que eu, que pensava, fosse alguma coisa. E notando que essa verdade: eu penso logo existo, era tão firme e tão certa que todas as mais extravagantes suposições dos céticos não seriam capazes de abalar, julguei que podia aceitá-la, sem escrúpula, como a primeiro principio da Filosolia que procurava.


DESCARTES, R. Discurso do melodo, Meditacões Objeçães e respostas: As paixões da alma, Cartas / René Descartes (1506-1650) In Os Pensadores.

Trad. J. Guinsburg e Bento Prado Jr. 3 ed. São Paulo Abril Cultural, 1983, p. 46.


Partindo desse ponto, o que Descartes queria dizer é que a única coisa de que não podemos duvidar é de que estamos aqui fazendo os nossos próprios questionamentos. Portanto, a dúvida é o ponto de partida para a construção do conhecimento. Quando você pensa, reflete, ou, simplesmente, posta um texto pessoal nas redes sociais está formando algum tipo de conhecimento. Desse princípio, a afirmação de "penso, logo existo", em latim, "cogito, ergo sum", significa que o ser que pensa é verdadeiro, caso contrário, toda a existência perde a sua consistência; nada faria sentido.


Contudo, até esse momento, Descartes não conseguiu a garantia de que o seu pensamento efetivamente corresponda à realidade. E ai que podemos perguntar, o que é "real"? Quer um exemplo? Você já dormiu e no meio do sono sentiu que caía num buraco? Ou estava na rua e tinha quase certeza que estava sendo seguido, mesmo não tendo ninguém a sua vista? O próprio Descartes se perguntava como poderíamos ter certeza de que a nossa vida e o mundo como um todo não seriam apenas um sonho? O que garante que o meu raciocinio corresponde à realidade ou que as coisas de nossa mente têm existência e não são mera imaginação? Para resolver esse problema e provar que o mundo tem realidade, ele queria demonstrar que a razão humana tem a capacidade de provar qualquer coisa, por isso, propôs-se a provar com ela a existência de Deus, pois seria a coisa mais difícil de ser provada. Se pudesse provar a existência de Deus com o uso da simples razão, então todas as outras coisas poderiam ser explicadas com a razão da mesma forma.


Apesar de ser uma questão antagônica, pois, na verdade, essa foi uma época marcante onde a razão passou a ter um papel fundamental para a construção de uma Filosofia Epistemológica, com isso, poderíamos entender e explicar a realidade apenas com o pensar racional e, assim, não se precisaria mais de crenças sobrenaturais. Percebem como é complexo o pensar e filosofar? Reflita na tirinha abaixo e veja como está "gastando" ou "investindo" o seu pensar. Será que gastamos tempo com assuntos que realmente nos importam?






quinta-feira, 6 de junho de 2024

Curiosidade é o combustível para o conhecimento

Conhecimento é… Serve para…

Relembrando…

O que é conhecer?


De modo geral, conhecer significa o resultado da relação entre um sujeito (aquele que conhece), um objeto (o qual se quer conhecer) e ainda tem o significado (a imagem mental que temos do objeto). Então, temos uma relação tríplice entre o sujeito-objeto e o imagético que forma a opinião, ideia ou conceito que resultam dessa relação e que passa a habitar a subjetividade daquele que conhece. Você já percebeu que transformamos constantemente informação em conhecimento? Fazemos isso quando lemos uma notícia, estudamos atentamente alguma coisa ou mesmo quando pensamos sobre nós mesmos ou sobre a sociedade.


Mas para que conhecemos? Simples: para satisfazer a nossa enorme curiosidade a respeito das coisas. Engana-se, assim, quem pensa que pertence apenas à classe dos filósofos a tarefa de questionar sobre tudo. Os cientistas, os religiosos e as pessoas em geral formulam perguntas durante toda a sua existência. Isso porque buscar saber mais faz parte da própria natureza humana.


Aristóteles (384-322 a.C) na sua principal obra, "A Metafísica", já inicia com a seguinte frase: "Todos os homens têm naturalmente o desejo de conhecer".

Pode-se atribuir duas interpretações básicas a esta premissa aristotélica, a primeira é que ele busca estabelecer a razão como condição diferencial entre ser humano e natureza, entre homem e animal; e na outra, procura apresentar o conhecimento como condição necessária para afastar-se das meras opiniões, das explicações míticas sobre o mundo e sobre a existência.


Conhecimento (do lat cognoscere: procurer saber, conhecer)

  1. Função ou ato da vida psiquica que tem por efeito tomar um objeto presente aos sentidos ou à inteligência.
  2. Apropriação intelectual de determinado campo empirico ou ideal de dados, tendo em vista domina-los e utlizá-los. O termo "conhecimento" designa tanto a coisa conhecida quanto o ato de conhecer (subjetivo) e o fato de conhecer.
  3. A teoria do conhecimento e uma disciplina filosófica que visa estudar os problemas levantados pela relação entre o sujeito cognoscente e o objeto conhecido. As teorias empiristas do conhecimento (como a de Hume) se opõem as intelectualistas (como a de Descartes).
    JARIASSU, H. Dicionário Básico de Filosofia. 6 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2008.

Conhecimento para quê?


Como já estudamos, a Filosofia tem sempre o papel de fazer questionamentos e você mesmo já deve ter se perguntado: Como surgiu o mundo? Qual a verdadeira origem do ser humano e da natureza? Por que existe uma determinada harmonia física entre o ser humano e a natureza? Estas e outras tantas perguntas também foram feitas pelos filósofos pré- socráticos, ou seja, os filósofos da natureza, que fizeram uma cosmologia, que vem a ser o estudo sobre a origem do universo, os quais contribuíram significativamente para o pensamento ocidental. Muitas dessas perguntas também serão feitas por outras formas de conhecimento, tais como o senso comum ou vulgar, a religião, o mito e em destaque, a ciência.


Assim, podemos concluir que existem vários tipos de conhecimento. E o que difere um conhecimento do outro é o meio, a abordagem, enfim, o método que cada qual possui para tentar descobrir e avançar cada vez mais no interessante mundo da busca pelo saber. Mas como surge o conhecimento?


Levando em consideração as informações e dados acima, faça a avaliação abaixo presente na fotografia do quadro da aula.


Vamos conhecer um pouco sobre o que é filosofia e qual é a sua serventia.


1001 e 1003 aula 06 de junho de 2024 

domingo, 2 de junho de 2024

Trabalho pontuado 2º bimestre 2024 - 1001 e 1003 432

Trabalho bimestral 01 para as turmas 1001 e 1003


* 1001 e 1003, turmas novas (tiveram apenas uma aula).


Conhecimento mítico



Diagrama conhecimento


Conhecimento é um termo amplo que se refere à capacidade humana de entender, compreender e apreender as coisas através da experiência ou do raciocínio. É a informação, habilidade, crença e valores que uma pessoa adquire ao longo da vida para interpretar e interagir com o mundo ao seu redor.

Existem diferentes tipos de conhecimentos, cada tipo de conhecimento tem sua importância e aplicação, contribuindo para a forma como compreendemos e interagimos com o mundo e uns com os outros.


Levando em consideração os parágrafos acima, faça uma pesquisa manuscrita, em folha solta sobre o conhecimento mítico.


Aborde em sua pesquisa:


01 - Definição de conhecimento mítico 

02 - Função do conhecimento mítico 

03 - Características do conhecimento mítico 

04 - Exemplos

05 - Como foi a passagem do conhecimento mítico para o filosófico?

06 - Qual relação entre conhecimento mítico e a religião?


Valendo até 2.5 pontos (mediante a quantidade de acertos)


Individual ou em dupla


Entrega na quinta-feira da semana de provas (13/06/2024 1ª chamada e 20/06 2ª e última chamada).


Aula de orientação e esclarecimento no dia 06/06/2024 no horário de aula.





Consciência: o eu, a pessoa, o cidadão e o sujeito.

 A consciência: o eu, a pessoa, o cidadão e o sujeito. A teoria do conhecimento no seu todo realiza-se como reflexão do entendimento e basei...