segunda-feira, 18 de agosto de 2025

A Onda (Die Welle) FILME

A Onda (2008) e os Perigos do Autoritarismo: Uma Análise a partir das Ciências Humanas


Clique no link abaixo para assistir o filme.
https://youtu.be/BPw5fxTPaIs?si=79qkyE3xQwUbYtyD

O filme A Onda (Die Welle, 2008), dirigido por Dennis Gansel, é uma adaptação do experimento social real conduzido pelo professor Ron Jones em 1967, que, por sua vez, foi inspirado no romance homônimo de Todd Strasser. A narrativa acompanha um professor de ensino médio que, ao tentar explicar o surgimento de regimes totalitários, cria um movimento estudantil chamado "A Onda". O grupo, inicialmente motivado por ideais de disciplina e comunidade, rapidamente degenera em um sistema opressivo, excludente e violento, revelando como estruturas autoritárias podem seduzir e dominar indivíduos comuns.  


Autocracia é um sistema de governo onde o poder político está concentrado nas mãos de uma única pessoa, o autocrata, que exerce controle absoluto e ilimitado. É caracterizada pela ausência de participação popular e pela concentração de autoridade, podendo assumir formas como monarquias absolutas ou ditaduras. 


Totalitarismo é um sistema político ou uma forma de governo que proíbe partidos de oposição, que restringe a oposição individual ao Estado e às suas alegações e que exerce um elevado grau de controle na vida pública e privada dos cidadãos. É considerado a forma mais extrema e completa de autoritarismo.

Autoritarismo é uma forma de governo que é caracterizada por obediência absoluta ou cega à autoridade, oposição a liberdade individual e expectativa de obediência inquestionável da população.


O autoritarismo, seja político, social ou cultural, consegue adesão através de uma combinação de fatores como medo, desejo por ordem, identificação com líderes carismáticos e manipulação da opinião pública. A utilização de símbolos e narrativas que apelam à identidade nacional, à religião ou a um inimigo comum também pode gerar apoio. Além disso, o autoritarismo muitas vezes se aproveita do desencanto com a democracia e de crises sociais para se apresentar como uma solução rápida e eficaz. 


O filme "A Onda" (Die Welle) ensina sobre os perigos do autoritarismo e do conformismo, mostrando como um experimento escolar sobre autocracia pode evoluir para um movimento fascista com consequências trágicas. O filme explora como a manipulação, a uniformidade e a exclusão podem surgir em um ambiente coletivo, mesmo que a intenção inicial seja apenas pedagógica. 


Link do filme

Por que é importante passar o filme na sala de aula? 

O filme "A Onda" é essencial ser exibido nas escolas e nas aulas de Ciências Sociais e Humanas por ser um estudo de caso sobre a ascensão de ideologias autoritárias e fascistas, demonstrando como o contexto e a dinâmica de grupo podem levar à aceitação de regimes opressivos, mesmo em sociedades modernas. Através de um experimento social, o filme permite que os alunos compreendam as dinâmicas de liderança, poder, conformismo e a perda da autonomia individual, alertando para o perigo da omissão e a necessidade de vigilância e senso crítico para evitar a repetição de eventos históricos trágicos. 

Para que serve trabalhar o filme "A Onda" nas escolas?

Compreender a ascensão do fascismo e do totalitarismo:

O filme baseia-se em factos reais de um experimento social feito por um professor na Califórnia, nos EUA, em 1967, para mostrar aos alunos que a sociedade não está imune ao ressurgimento do nazismo. 
Analisar a dinâmica dos grupos e o poder da liderança:
O experimento do professor Rainer mostra como a formação de um grupo pode levar à homogeneização das ideias, à perda da individualidade e à influência direta da liderança no comportamento dos indivíduos. 

Fomentar o senso crítico e a autonomia dos estudantes:
O filme alerta para a facilidade com que jovens descrentes do futuro podem se sentir atraídos por ideologias que oferecem um propósito e pertencimento, tornando-os suscetíveis à manipulação e à perda da capacidade de questionar. 

Promover o debate e a reflexão sobre temas sociais:
O filme serve como uma ferramenta filosófica e didática para discutir questões como a discriminação, a obediência cega, a alienação e a responsabilidade social, incentivando os alunos a refletir sobre os efeitos das suas próprias ações e a importância da participação cívica. 

Conectar a história com a realidade contemporânea:

O filme facilita a conexão entre os eventos históricos da Segunda Guerra Mundial e as tendências sociais atuais, ajudando os jovens a perceber que a história não é um fenómeno distante e que a vigilância democrática é uma responsabilidade constante. 

História e a Repetição de Padrões Autoritários

O experimento retratado no filme dialoga diretamente com a ascensão do nazismo na Alemanha, mostrando como a manipulação psicológica, o culto à liderança e a criação de um inimigo comum podem levar sociedades a abrir mão de suas liberdades em nome de uma falsa sensação de ordem e pertencimento. Historicamente, regimes como o fascismo italiano, o salazarismo em Portugal e as ditaduras militares na América Latina seguiram lógicas semelhantes: a supressão de dissidências, a glorificação da hierarquia e a instrumentalização do medo.  

Manipulação psicológica 

Culto ao líder 

Criação de um inimigo comum 

Filosofia: A Sedução do Autoritarismo e a Banalidade do Mal  

A filosofia política nos ajuda a entender por que indivíduos abraçam ideologias autoritárias. Hannah Arendt, em Eichmann em Jerusalém, discute a "banalidade do mal", mostrando como pessoas comuns podem cometer atrocidades quando inseridas em estruturas que anulam a reflexão crítica. Da mesma forma, A Onda ilustra como a adesão acrítica a um líder e a um grupo pode levar à desumanização do "outro". A disciplina imposta pelo movimento substitui a autonomia moral, um fenômeno que também aparece em seitas religiosas e em regimes autocráticos.  

Banalidade do mal

Sociologia: Grupo, Identidade e Exclusão 

Do ponto de vista sociológico, o filme explora como a construção de uma identidade coletiva pode gerar coesão, mas também segregação. A uniformização de pensamento dentro de "A Onda" lembra os mecanismos de groupthink (pensamento grupal), em que a pressão pela conformidade suprime questionamentos. Isso se assemelha a movimentos políticos contemporâneos que usam slogans como "nós contra eles" para mobilizar seguidores, seja no bolsonarismo, no trumpismo ou em outros movimentos de extrema direita.  

Polarização 

Política: Autocracia, Fake News e a Fragilidade Democrática

A Onda funciona como um alerta sobre como a democracia pode ser minada por líderes carismáticos que exploram crises reais ou inventadas. A manipulação da verdade, a disseminação de fake news e a criação de narrativas conspiratórias são estratégias usadas tanto no filme quanto em movimentos autoritários atuais. O bolsonarismo e o trumpismo, por exemplo, se alimentam da desconfiança nas instituições, da glorificação da violência e da ideia de que apenas um líder forte pode "salvar" a nação de supostas ameaças (como o comunismo, os imigrantes ou as elites corruptas).  

Religião e Autoritarismo: Messianismo Político

O filme também tangencia a relação entre autoritarismo e religião. A devoção cega ao líder de "A Onda" ecoa o messianismo político, em que figuras como Bolsonaro e Trump são tratados como "escolhidos" para purificar a nação. Essa dinâmica aparece em regimes teocráticos e em movimentos que misturam fundamentalismo religioso com projeto de poder, como o nacionalismo cristão nos EUA ou o uso de símbolos religiosos pelo bolsonarismo no Brasil.  

Faixa Jesus e bandeira de Israel 

Conclusão: A Onda como Espelho do Presente

A Onda não é apenas uma ficção sobre o passado, mas um reflexo de tendências autoritárias que ressurgem no século XXI. Seja através do extremismo político, da polarização alimentada por redes sociais, ou da erosão das instituições democráticas, o filme nos lembra que o fascismo não começa com tanques nas ruas, mas com a passividade diante de discursos que normalizam o ódio e a exclusão. Cabe às Ciências Humanas desmontar essas engrenagens, promovendo o pensamento crítico e a defesa intransigente da democracia.  

Perguntas para Debate: 

1. Como A Onda se relaciona com a ascensão de movimentos autoritários na atualidade?  
2. De que forma as *fake news* e as redes sociais aceleram processos de manipulação semelhantes aos do filme?  
3. É possível resistir ao apelo de movimentos como "A Onda" em um contexto de crise política e social? Como?  

O filme, assim como a História, nos ensina que a democracia não é um dado adquirido, mas uma conquista diária – e que vigilância crítica é o antídoto contra a repetição de seus piores capítulos.

Clique no link abaixo para assistir o filme

ATIVIDADE PONTUADA 

Exercício sobre o filme A Onda (2008) e suas relações com História, Filosofia, Sociologia e Política

Questões Discursivas

1. Explique como o experimento de "A Onda" no filme se relaciona com a ascensão de regimes autoritários na História, como o nazismo.  
2. Descreva o conceito de "banalidade do mal", de Hannah Arendt, e como ele se aplica ao filme.  
3. Analise como a disciplina e o sentimento de pertencimento em "A Onda" podem levar à exclusão e à violência.  
4. Relacione o groupthink (pensamento grupal) com o comportamento dos alunos no filme.  
5. Discuta como a manipulação da verdade e as fake news são usadas em movimentos autoritários atuais, como o bolsonarismo e o trumpismo.  
6. Compare a figura do líder em "A Onda" com líderes autoritários contemporâneos, como Bolsonaro,  Donald Trump e Javier Milei.
7. Explique como a religião pode ser instrumentalizada em regimes autoritários, usando exemplos do filme e da realidade.  
8. Argumente sobre por que a democracia é frágil e como filmes como A Onda alertam para seus riscos.  
9. Relacione o conceito de "inimigo comum" no filme com estratégias usadas por movimentos de extrema direita hoje.  
10. Proponha formas de resistência a movimentos autoritários, baseando-se nas lições do filme.  

Questões de Múltipla Escolha  

11. O filme A Onda (2008) é baseado em:  
   a) Um experimento psicológico real dos anos 1960.  
   b) Um romance de ficção científica.  
   c) Um fato ocorrido na Alemanha nazista.  
   d) Uma lenda urbana.  
   e) Um documentário sobre ditaduras.  

12. Qual conceito filosófico, desenvolvido por Hannah Arendt, ajuda a entender como pessoas comuns podem cometer atrocidades em regimes autoritários?  
   a) Dialética do esclarecimento.  
   b) Banalidade do mal.  
   c) Contrato social.  
   d) Super-homem nietzschiano.  
   e) Alienação marxista.  

13. No filme, o movimento "A Onda" começa com ideais de:
   a) Liberdade individual e anarquia.  
   b) Disciplina e comunidade.  
   c) Igualdade econômica.  
   d) Isolamento social.  
   e) Neutralidade política.  

14. Qual fenômeno sociológico explica a supressão de pensamentos críticos dentro de grupos como "A Onda"? 
   a) Consciência coletiva.  
   b) Groupthink.  
   c) Efeito espectador.  
   d) Anomia social.  
   e) Meritocracia.  

15. Como o filme relaciona-se com a política contemporânea?  
   a) Mostrando que regimes autoritários são coisa do passado.  
   b) Alertando para o risco de líderes carismáticos que exploram crises.  
   c) Defendendo que a democracia é indestrutível.  
   d) Afirmando que apenas sociedades militarizadas são perigosas.  
   e) Ignorando o papel das redes sociais na manipulação.  

16. Qual estratégia NÃO é usada por "A Onda" para controlar seus membros?  
   a) Criação de um inimigo comum.  
   b) Uso de uniformes e símbolos.  
   c) Incentivo ao debate crítico.  
   d) Supressão de dissidências.  
   e) Glorificação da hierarquia.  

17. O messianismo político, presente em movimentos como o bolsonarismo, assemelha-se a "A Onda" porque:
   a) Promove a eleição de líderes por voto direto.  
   b) Trata o líder como uma figura salvadora e infalível.  
   c) Defende a separação entre religião e Estado.  
   d) Rejeita qualquer forma de autoridade.  
   e) Incentiva a diversidade de opiniões.  

18. Qual dos seguintes elementos NÃO contribui para o enfraquecimento da democracia, segundo o filme?
   a) Manipulação da informação.  
   b) Adesão acrítica a um líder.  
   c) Fortalecimento de instituições independentes.  
   d) Polarização extrema.  
   e) Criação de um "nós contra eles".  

19. Como as fake news se relacionam com o filme? 
   a) São usadas para desestabilizar o grupo.  
   b) Não têm qualquer ligação com a trama.  
   c) São combatidas pelos protagonistas.  
   d) Funcionam como mecanismo de manipulação, assim como na política atual.  
   e) Servem apenas como entretenimento.  

20. Qual lição principal o filme A Onda deixa sobre a democracia?
   a) Que ela é naturalmente forte e imune a ameaças.  
   b) Que precisa ser constantemente defendida contra tendências autoritárias.  
   c) Que apenas sociedades militarizadas a mantêm.  
   d) Que é um sistema ultrapassado.  
   e) Que não requer participação cidadã.  

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Este exercício permite trabalhar o filme de forma interdisciplinar, conectando-o com debates atuais sobre autoritarismo e democracia.


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